Nunca imaginei que estaria lá,mas estava! Fazendo algo por alguém que amo. “Pra variar”, me submetendo a sacrifícios incomuns e subumanos objetivando ver alguém – que realmente me importa- sorrindo. Meu dia começou às 09h45min, no momento em que fui acordada pelo meu cachorro que latia a uns 6 minutos no mesmo ritmo e tom – algo que além de me irritar muito, ainda me acordou.
Quando fui ver o que era, me deparei com uma menina magrinha, que parecia ter uns 16 anos – bem sorridente, por sinal. Parecia preocupada e desnorteada - amiga da minha prima, que estava dormindo. Recebi-a e logo pegamos intimidade.
Meio dia e meia lá estavamos nós, em frente à Quadra da Apoteose, diante de uma fila que fazia voltas.Pessoas dormindo em cima de cangas,suando,tirando fotos,sorrindo, felizes,animadas e alegres,mesmo diante de tudo que estavam passando aparentemente.
Graças a uns contatos da minha tia, entramos antes de todos e vimos a passagem de som da banda. Poucas pessoas estavam lá. Pouquíssimas, se comparado à hora do show,
Todo aquele desespero delas, só me fazia lembrar o meu “dia nexo zero”. O dia tão esperado por mim, há tantos anos, que comecei a contar 70 dias antes de acontecer.
Dia este que passei quase todo debaixo de sol quente, sem comer, nem beber, nem sequer ir ao banheiro, não lembro nem como eu ainda respirava depois de estar lá há 13 horas e naquelas condições.
Me achava louca, mas nesse dia pude ver que tem muito mais gente como eu, o que me fez ver que não era loucura, era amor – amor de fã. Talvez pela minha idade eu seja assim, afinal nunca vi alguém que tenha essa compulsão toda aos 25 anos, por exemplo. Deve ser fase. Enfim...
Passei mais de duas horas com o peso da fã louca – minha prima, irmã – apoiados nas minhas costas - Fabiana Audi . A felicidade e emoção dela,me faziam esquecer o quão doída estava minha cervical naquele momento e o quão difícil estava para eu respirar.Eu suava, me sentia mal- cheirosa,minha garganta estava doendo, meus pés e coluna...eu já nem os sentia mais.A outra prima - Angeline Rocha e a amiga louca - Maria Tereza - estavam na grade,ainda,firmes e fortes – de cara para o palco – mas essa – cujo peso estava nas minhas costas – passou mal e não aguentou mais ficar lá- por isso estava naquele momento sentada numa fina grade que separava dois lados. Mas a grade era tão fina que mal dava pra ela sentar , fato que obrigou-me a oferecer as minhas costas para ela apoiar-se - Era muita gente, muita mesmo.Normal! Cantores internacionais fazendo show no Rio pela primeira vez, de fato atrairiam uma multidão... encontramos gente de MG, RS, BH, e por aí vai ...
Agarrada no meu corpo pelas pernas, ela cantava, gritava, pulava, chorava, me apertava, me batia, ria, brincava e nada parecia me incomodar nem me irritar – diferente seria em uma situação ”normal” da minha vida – não era o caso. Para tentar me distrair dos incômodos,eu cantava junto,gritando também...não queria que ela percebesse que eu estava tão “na pior”. No final fui engordar mais na Parmê – algo que não me agradou muito, mas estava de carona e à uma hora de casa, claro que fui.
Meia noite, finalmente em casa, minha prima, conterrânea que veio de Belém só para assistir a esse show, pensando que nosso dia acabaria ali, sentia-se aliviada de saber que chegaria a casa e dormiria feito pedra. ILUSÃO! Tomamos um banho e fomos balançar o corpo. Nosso dia só acabou, realmente às 5 da manhã,quando caímos na cama. Sorte a minha que pude dormir até as 17:00, porque ela teve que acordar para um almoço de despedida
Não digo que este tenha sido o melhor final de semana da minha vida. Mas não foi dos piores. Se minha intenção era vê-las sorrindo,eu consegui e hoje ainda vejo nos olhos delas o brilho que vi quando elas os admiravam há alguns metros de distância .
Eu entendo essa magia,quando foi com o nxzero,eu fiquei da mesma forma.
- Fabiana Audi, show dos Jonas Brothers . Prima Angeline e amiga Maria Tereza .