quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Um nó na cabeça .



- Já que minha mãe não quer que eu beba, vou afogar minhas mágoas com leite desnatado integral light, pra não engordar.


Pode parecer, mas eu não sou uma pessoa 100% transparente, que fala o que sente. Falo o que penso e o que acho que deve ser feito em alguma situação, mas o que eu sinto, não é muito comum eu dizer. Me abro pouco e pra poucas pessoas. Meu coração é fechado e tem medo de ser magoado, por isso fica bem quietinho e prefere não se expor muito.
Eu sou divertida, animada, brincalhona e sincera, então parece que sempre estou bem. Eu não fico emburrada com facilidade, não fecho a cara pra quase ninguém e são poucas as pessoas que não sentem nada por mim. Normalmente ou me adoram, ou me detestam ou simplesmente gostam de mim, mas nada demais. Justamente por essas características que citei acima, presumo eu.
Mas o que me corrói, hoje, é que às vezes eu preciso me abrir e dizer o que estou sentido de verdade, mas não tenho créditos porque são poucas as vezes em que eu falo sério com alguém, seja lá sobre o que for. No meio, eu sempre encaixo uma piadinha.
Hoje parei pra pensar sobre quantas coisas estão acontecendo pelo mundo a fora e eu estou aqui, parada, sentada na frente de um computador, escrevendo sobre como me sinto, como se meu Word fosse meu psicólogo (bem... já deve ter virado).
Meu pai disse que isso se chama crise existencial e que Shakespeare a intitulou como: “ser ou não ser, eis a questão”. Acho que isso não tem nada a ver, mas meu pai às vezes vem com umas que nem o coisa ruim desvenda.
Eu queria viajar, nem que fosse pra sitio bom, fugir um pouco da minha rotina, ir à praia todo dia, “sair” toda noite, rir com meus amigos, ser feliz. Não que eu não seja, claro que eu sou, aliás, sou até feliz demais. O problema é que eu não saio desse quarto faz dois dias. Só saio pra comer e olhe lá.
Estou me sentindo cada dia mais feia, não gostei do que fiz no meu cabelo (descolori com blondor), roí todas as minhas unhas, estou cada dia mais gorda e toda essa ansiedade e vontade de viver o que não vivi, me deixa cada vez mais louca. Não é vontade de experimentar, descobrir, fazer besteira não. É que eu quero viver uma vida de vagabundo por, pelomenos, uns 3 dias, que seja. Acordando meio dia, indo pra praia, dormindo à tarde, saindo à noite, indo dormir com o dia clareando para no dia seguinte repetir tudo isso.
Eu nunca me senti assim. Sempre tenho compromisso e aqui no rio, não saio do quarto pq quero ficar o dia todo no computador, afinal, fora a piscina e a academia, eu não tenho mais o que fazer. E quando saio é só final de semana e mesmo assim não posso me entregar à minha noite, tenho que ficar ligada em pessoas em volta, com a maneira com a qual vou voltar pra casa, com o quanto posso beber, se tem conhecidos em volta, o que vão pensar de mim. Isso tudo QUANDO eu resolvo colocar o pé pra fora de casa.
Me sinto inútil e quando resolvo desabafar isso com meus pais, tudo que meu pai diz é: "Procura um emprego. Não quer ser livre? Vai morar sozinha, tchau e benção". Estimulante! É como se eu não fosse fazer a menor diferença aqui. Aposto que vou. Ele fala da boca pra fora, mas eu fico me sentindo mal.
Eu quero quebrar minha rotina, quero rir, brincar, feito criança, curtir sem me preocupar com todas essas coisas que aqui no rio sou obrigada a me preocupar e esquecer que daqui a alguns meses a minha rotina - de pegar ônibus cheio pra voltar da faculdade pra casa- vai recomeçar. Terei que ficar em casa estudando, lendo, fazendo trabalhos, tensa e aflita com os resultados porque por mais que meu pai não pague um centavo pra eu estar estudando lá, eu me sinto meio que na obrigação de demonstrar pra ele que estou me esforçando e fazendo – como ele diz- a única coisa que preciso fazer. Como se ele precisasse fazer algo mais do que trabalhar. É a mesma coisa, cada um com a sua função no seu devido momento. Além do mais, é bom mostrar notas boas pra ele, ele sempre me elogia e me dá parabéns. A minha mãe nem tanto, ela acha que se me elogiar muito, eu vou começar a cobrar recompensas. Deve ser isso, pq ela raramente fala por livre e espontânea vontade: "poxa filha, está de parabéns", eu que tenho que cobrar isso dela. Ou meu pai, que como ele fez, esfrega os resultados nas fuças dela pra ela se orgulhar de mim e mesmo assim ela nem demonstra muito orgulha, bom enfim... como eu ia dizendo sobre trabalhar... Não estou na idade, nem tenho necessidade de ficar indo pro batente, me desgastando pra sair da faculdade meio dia e meia e ter que estar aqui a uma pra trabalhar. Não teria tempo nem de comer, mas tudo bem, eu faria, até porque voltaria a ver e lidar com as crianças diariamente. Seria ótimo pra mim, mas ainda aguardo resposta da dona Vivien.
Boom, mas voltando ao assunto...
Estou presa nesse quarto com a minha auto-estima que beira o fim do poço. Eu sei que eu sempre digo que meu fundo do poço tem uma mola, mas esse poço e esse caso, não sei se tem mola e se tiver é daquelas bem pequenas, de caneta.
Vem aí o natal, ano novo, vou pra Bahia e vamos ver né... Quem sabe eu me anime um pouco mais e tenha mais vontade de viver.
Parece que não tenho objetivo, não tem porque eu estar aqui. Drama? Não... Duvidas. Porque eu vivo? Pra que? Qual a diferença que faria se eu não vivesse?
Pense...


A segurança em pessoa.



De todas as pessoas que já conheci até hoje, a mais segura de si é a minha irmã. Não sei se ela realmente é ou se só aparenta ser.
Ela é tão confiante, mas tão confiante que parece que nunca tem duvidas de como agir e o que fazer. Fico me perguntando: será que os meus conselhos são bons ou ela realmente é tão segura assim? Às vezes ela vem até mim com algum questionamento, eu aconselho e em menos de um minuto ela se posiciona conta ou a favor à minha opinião.
Até mesmo quando ela estava desempregada, tendo que viver com uma miséria – não sei ao certo quanto -, com um namorado que mal aparecia e com o cachorro doente, ela nunca me pareceu insegura ou indecisa. Quando a gente ouve de alguém que o cachorro ta doente, nem damos muito ouvidos, mas nesse caso, a história é bem dramática.
Aos 13 anos de idade, ela comprou o Bingo, que hoje tem 14 anos e alguns meses, teve doença do carrapato e leucemia, fez quimioterapia, conseguiu controlar os leucócitos e agora está com a doença do carrapato de novo. Minha irmã passou simplesmente a vida inteira dela ao lado do cachorro. Ele sempre soube quando ela estava triste. Sempre que a percebia pra baixo, deitava bem colado na cama dela e ficava ali bem quietinho, como um amigo que não quer incomodar, mas que quer que você sinta que ele vai estar ali no momento em que você precisar dele. Talvez ele seja mais importante até do que eu, pra ela, só pra ter uma idéia do que esse bicho representa.
A questão é que agora ele está com a imunidade baixa, fica vegetando o dia inteiro, não se levanta nem para urinar e defecar. Não consegue erguer a cabeça nem para alcançar o pote de água pra se refrescar um pouco nesse calorão. Talvez seja para não sentir a dor, então prefere ficar bem paradinho no canto dele.
Hoje eu dei a idéia de sacrificarmos ele, alegando ser melhor pro animal. Ela parecia indecisa, mas depois de meia dúzia de palavras minhas, ela fez três telefonemas e já resolveu aonde, quando, o preço e todo o resto.
Minha irmã me passa uma imagem de confiança própria que eu nunca vi.
Ela vive acima do peso e fazendo dietas. Se ela come um doce ou uma besteira, saindo da dieta, ela o faz com a maior certeza de que aquilo não vai representar nada no peso dela. Parece que realmente não vai! A confiança é tanta que quem ta em volta chega a crer no que ela parece crer.
Se ela precisa estar no trabalho às 16, são 15h59min, ela ainda está em casa, sem banho e sem almoço, - coisa do tipo que qualquer um em volta fica desesperado por ela-, ela está segura de que em um minuto ela faz isso tudo e ainda chega à barra. Não é tranqüilidade demais e relaxamento da parte dela, é segurança, confiança. Além do mais, é uma menina tão responsável com seus compromissos que chega a me dar gosto de ver e dizer que ela é a minha irmã.
O que me incomoda nela, é que ela conta meus segredos pra minha mãe e isso me deixa triste por saber que não posso mais confiar nela, sendo que em se tratando da minha irmã mais velha, é a pessoa que pergunto tudo, peço conselhos e que me abro porque sei que ela já viveu o que eu estou vivendo e vai poder me dizer, melhor do que ninguém, o que fazer e como agir.
Mas fora essa parte, eu a admiro muito e tento ser como ela em muitos aspectos. Eu sei que pra ela não deve ser muito bom ter que parecer sempre certinha pra dar o exemplo, mas pra mim é ótimo que eu tenha um perfil/ um padrão a seguir.
O que mais quero ter – igual a ela- quando eu tiver 26 anos, é a confiança que ela tem em tudo que ela faz. Sabe sempre o que quer e nunca fica em duvida de como guiar uma situação. Diferente de mim, que estou sempre indecisa, dividida, etc.