Tenho tido pensamentos/sonhos/pesadelos muito fúnebres, com
caixões e gavetas, pessoas mortas, enterros, rosas brancas, gente chorando,
etc. E o pior é que não são só comigo. Envolvem outras pessoas.
Acho que o que pode ter começado a desencadear essa série de
devaneios contínuos e indesejáveis foi a morte do menino, estudante de direito
da UERJ, 6º período, que se jogou do 11º andar. Não sei como e nem por que. A única
coisa que posso dizer é que acho ele muito corajoso.
Quatro dias depois, uma menina de pedagogia, um período acima
do meu (3º), 19 anos, morreu de dengue e ao passar no corredor só se vê gente triste.
A sala que ela estudava é em frente a minha, então, qualquer hora que eu saia,
tem alguém no corredor chorando, se abraçando, etc.
Nesse intervalo entre o suicídio e a dengue, eu passei pelo
cemitério de botafogo ( OBS: nunca imaginei que fosse ver um lugar tão grande.
Deve ser do tamanho do maracanã) e vi
gavetas onde as pessoas mortas ficam. Eu sabia para que servia, mas nunca tinha
visto. Só em filme.
- Mãe, o que é aquilo?
- São gavetas.
- Ah ta!
- As pessoas que não podem comprar uma sepultura, porque é
caro, compram uma gaveta onde colocam o morto e fecham com uma parede de concreto.
Essa ultima frase mexeu comigo. Comecei a me imaginar dentro
de um daquele, sendo que detesto ficar em lugares fechados, apertados, ainda
mais estando presa e no escuro. Seria o fim pra mim.
Eu tentei dizer isso pra minha mãe, junto ao pedido que
nunca me coloque num troço daquele, nem morta! Mas ela não me deixou terminar e
isso ficou engasgado em mim.
Na hora de dormir, ainda estava meio acordada -mas não sabia
se estava sonhando ou não- e engrenei novamente naquela fantasia. No meu “sonho”,
me pegavam enquanto eu dormia, me colocavam num daquele e quando eu acordava,
eu estava presa, gritava e ninguém me ouvia, não conseguia me mexer e o sonho
acabava com meu desespero. Demorei muito, sofri, chorei muito antes de acordar.
Aflita, fui procurar minha mãe e nos braços dela chorei como há muito tempo não
o fazia. Ela, então, me deu a oportunidade de dizer o que eu precisava que ela
soubesse e assim que eu terminei, ela pediu que eu não falasse mais nesse
assunto, que esquecesse isso e não ficasse mais pensando no que pode acontecer.
Continuei nervosa. Lembrando do homem, tentando entender porque ele fez aquilo,
que tipo de problema ele tinha e que levou ele a cometer um ato tão radical. Chorava
de soluçar. Tive até que tomar calmante.
Depois, o sono bateu e consegui dormir bem.
Hoje lembrei que minha mãe terá que operar a coluna cervical
e apesar de ela me dizer que não tem riscos, toda cirurgia causa preocupação
nas pessoas em volta e no próprio operado.
Em meus pensamentos eu me perguntava: “E se algo der errado?
Como vou viver sem a minha mãe?”
Meus olhos encheram de lágrimas (como agora) e pus-me a
chorar no ônibus.
Meu tesouro, minha vida, jóia preciosa, minha paixão, meu
grande amor, tudo pra mim...
Estou sofrendo por antecipação porque a cirurgia só será em
Julho? SIM, eu sei que estou. Acontece que essa é uma característica minha e não
tenho como mudar, só tentar melhorar.
Vejo/imagino/sonho com coisas loucas. Pessoas gritando,
sinos tocando, flores caindo, portas batendo. Estou com muito medo,
desesperada, apavorada.
E pra piorar, ainda estou com chulé! hahahaha, só pra
descontrair.