quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aflita


Tenho tido pensamentos/sonhos/pesadelos muito fúnebres, com caixões e gavetas, pessoas mortas, enterros, rosas brancas, gente chorando, etc. E o pior é que não são só comigo. Envolvem outras pessoas.
Acho que o que pode ter começado a desencadear essa série de devaneios contínuos e indesejáveis foi a morte do menino, estudante de direito da UERJ, 6º período, que se jogou do 11º andar. Não sei como e nem por que. A única coisa que posso dizer é que acho ele muito corajoso.
Quatro dias depois, uma menina de pedagogia, um período acima do meu (3º), 19 anos, morreu de dengue e ao passar no corredor só se vê gente triste. A sala que ela estudava é em frente a minha, então, qualquer hora que eu saia, tem alguém no corredor chorando, se abraçando, etc.
Nesse intervalo entre o suicídio e a dengue, eu passei pelo cemitério de botafogo ( OBS: nunca imaginei que fosse ver um lugar tão grande. Deve ser do tamanho do maracanã) e  vi gavetas onde as pessoas mortas ficam. Eu sabia para que servia, mas nunca tinha visto. Só em filme.

- Mãe, o que é aquilo?
- São gavetas.
- Ah ta!
- As pessoas que não podem comprar uma sepultura, porque é caro, compram uma gaveta onde colocam o morto e fecham com uma parede de concreto.

Essa ultima frase mexeu comigo. Comecei a me imaginar dentro de um daquele, sendo que detesto ficar em lugares fechados, apertados, ainda mais estando presa e no escuro. Seria o fim pra mim.
Eu tentei dizer isso pra minha mãe, junto ao pedido que nunca me coloque num troço daquele, nem morta! Mas ela não me deixou terminar e isso ficou engasgado em mim.
Na hora de dormir, ainda estava meio acordada -mas não sabia se estava sonhando ou não- e engrenei novamente naquela fantasia. No meu “sonho”, me pegavam enquanto eu dormia, me colocavam num daquele e quando eu acordava, eu estava presa, gritava e ninguém me ouvia, não conseguia me mexer e o sonho acabava com meu desespero. Demorei muito, sofri, chorei muito antes de acordar. Aflita, fui procurar minha mãe e nos braços dela chorei como há muito tempo não o fazia. Ela, então, me deu a oportunidade de dizer o que eu precisava que ela soubesse e assim que eu terminei, ela pediu que eu não falasse mais nesse assunto, que esquecesse isso e não ficasse mais pensando no que pode acontecer. Continuei nervosa. Lembrando do homem, tentando entender porque ele fez aquilo, que tipo de problema ele tinha e que levou ele a cometer um ato tão radical. Chorava de soluçar. Tive até que tomar calmante.
Depois, o sono bateu e consegui dormir bem.
Hoje lembrei que minha mãe terá que operar a coluna cervical e apesar de ela me dizer que não tem riscos, toda cirurgia causa preocupação nas pessoas em volta e no próprio operado.
Em meus pensamentos eu me perguntava: “E se algo der errado? Como vou viver sem a minha mãe?”
Meus olhos encheram de lágrimas (como agora) e pus-me a chorar no ônibus.
Meu tesouro, minha vida, jóia preciosa, minha paixão, meu grande amor, tudo pra mim...
Estou sofrendo por antecipação porque a cirurgia só será em Julho? SIM, eu sei que estou. Acontece que essa é uma característica minha e não tenho como mudar, só tentar melhorar.
Vejo/imagino/sonho com coisas loucas. Pessoas gritando, sinos tocando, flores caindo, portas batendo. Estou com muito medo, desesperada, apavorada.

E pra piorar, ainda estou com chulé! hahahaha, só pra descontrair.

Nenhum comentário:

Postar um comentário