quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


É como se eu seguisse sempre o caminho que alguém está traçando pra mim. Eu não tenho poder de escolha e quem pinta a pista pela qual eu sigo, são sempre as mesmas pessoas: meus pais.
Eu os vejo numa estrada vazia, sem nada dos lados, atrás e na frente e um balde de tinta com um pincel. Ambos, alternadamente –dependendo da situação- desenham no chão uma pista larga e com tracinhos amarelos como se eu fosse passar ali de carro, como uma estrada normal, linha amarela, vermelha, via Dutra, etc.
São noites imensas entregues a uma imagem mal pintada, uma expressão mal desenhada, pálida e sem feição.
Uma figura torta, mal ajeitada, da qual não se espera nada. Nem mesmo um olhar morto sem sinal de razão.
Mas porque não sou eu que pinto essa estrada? Porque tenho que apenas seguir por ela sem, no entanto, saber onde ela vai dar?
Vejo uma imagem morta, tenho noites profundas de prazer solitário, melodias ausentes e, no entanto presentes.

- Estarei eu delirando?
- Vou lhe dizer... Creio e temo que sim. Está completamente louca, demente, de cabeça perdida. Mas deixe eu lhe contar um segredo. Todas as pessoas boas, criativas e felizes são assim. Não há o que temer não se preocupe.