segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

'' Temperamento impulsivo ''



“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Aprendendo a viver, Clarice Lispector.


Por isso, muitas vezes tomo atitudes das quais me arrependo muito e em outras ocasões deixo de agir por saber que sou impulsiva e, tentando me controlar, vivo a errar. Mas é errando que se aprende e todas as borboletas que deixei voar, serão muito mais felizes nas mão de um outro alguém, ou quem sabe, até voltem, atraídas pelo meu florido jardim.