domingo, 8 de maio de 2011

Cadê a coragem?


Uma vez, quando eu tinha seis anos, meu dente estava mole, mostrei pra minha mãe e ela disse que se eu arrancasse, iria doer, que era melhor eu esperar até ele cair. Olhei pra ela séria, como se estivesse refletindo sobre a sua frase. Coloquei a mão no dente, girei e puxei. Ela arregalou os olhos e não se manifestou.
“- Ta doendo?”
Balancei a cabeça negativamente, sorri, entreguei na mão dela e fui até a pia lavar o sangue. Nunca havia sido tão fria. Sempre fiz drama e abri um berreiro por pouco, mas dessa vez e em todos os outros dentes que caíram, agi dessa forma.
Desde então, ela sempre disse que eu sou muito corajosa. Todas as vezes que precisei passar por procedimentos dolorosos, encarei numa boa, sem chorar nem reclamar.
Considero-me uma pessoa corajosa – não em tudo, afinal se aparece um espírito na minha frente, acho que eu enfarto, mas isso, a maioria das pessoas. Bom, enfim. Hoje estou aqui escrevendo porque não tenho coragem de admitir o que estou sentindo. Nem pra mim mesma, muito menos pros outros.
Estou carente. Parece que não tenho ninguém ao meu lado, que ninguém se importa comigo e muitas outras coisas ruins que têm passado pela minha cabeça. Estou me referindo à homens, para ser bem clara.
Tudo bem, tenho ele que toda semana marca presença, eu sei. Mas não só disso que eu preciso. Estou me sentindo sozinha, precisando de carinho de verdade e não sacanagem. Eu gosto, claro que gosto. Quem me conhece, inclusive, sabe que é uma das coisas que eu mais falo, justamente por gostar tanto. Acontece que só sacanagem cansa, ainda mais se tratando do coração de alguém tão sentimental como eu.
Preciso de alguém que se importe comigo, que realmente queira me fazer feliz. Estou aberta para isso e querendo muito agradar alguém – em todos os sentidos: cuidar, fazer comida, colocar a mesa, alugar o filme preferido dele, usar uma roupa que ele goste, etc.
E não é um sexo, uma vez por semana que vai me fazer parar de sentir isso. Não querendo desmerecer O SEXO. Porque é muito bom e me deixa muito melhor, renovada, feliz, mas não é só disso que eu preciso.
Ele fala comigo, me liga, mas só quando ele quer e eu nem posso cobrar nada, afinal, não temos nada sério.
E fico pensando o que tem de errado comigo... Eu me acho perfeita para quem quer ter um relacionamento sério. Além de eu procurar sempre fazer tudo pra agradar, eu consigo me adaptar se isso for fazer alguém feliz. Sou mutável e isso é muito bom!
Eu to cansada, triste, magoada, mas não consigo admitir isso. Não quero que ninguém fique sabendo que “estou precisando de um namorado”, parece frase de encalhada. Prefiro dizer sempre que estou bem assim e que não quero nada sério.
Eu até quero, mas não com um qualquer. Com alguém que me conquiste e me faça gostar. Eu não quero me decepcionar de novo. To aproveitando muito minha fase solteira... Mas ta bom, já deu!
E toda aquela coragem que minha mãe sempre disse que eu tinha? E aquela Thayana que todos sempre admiraram por ser sincera e falar o que pensa e sente? Hoje eu não me sinto mais tão corajosa e aberta assim. Eu estou com tanto temor de assumir isso pras pessoas que as vezes tenho vontade de esconder minha cabeça dentro de uma sacola de compras ou simplesmente, pra não pagar esse mico, ficar em casa, trancada, sozinha. Tá na minha cara, escrito na minha testa que preciso de um novo amor.

Hoje é dia das mães e apesar de eu não acreditar na existência de um dia especial para as mães ( porque eu idolatro a minha todo dia), tem muita gente que acredita e que hoje chora por não tê-la por perto.
Eu sinto muito e sei que um dia vou passar por isso. Deve ser horrível, mas não quero pensar nisso agora.
Minha mãe foi pra Europa com a Inês e só volta daqui a 9 dias. Eu tô triste por mim, mas feliz por ela. Espero que passe rápido. Mas enquanto isso, vou passar a semana inteira fazendo o que me der na telha! Isso sim vai ser bom! Quem sabe eu fique mais feliz, animada e esqueça essa idéia louca ( para alguns) de querer amar alguém... Volto para atualizar as notícias.

(J.B.L)