Tudo que eu queria hoje era ouvir aquele toque com a voz do bob esponja no meu celular – seria meu pai ligando.
As vezes minha mãe diz pra ele que ele precisa ser um pai mais presente, que só vive trabalhando e andando a cavalo. Quando ele me pergunta eu digo que não tem nada a ver, que ele é sim um bom pai.
Ele foi tudo que eu precisei até os meus 15 anos. Bem, até os 12, ele ainda me levava quase todo final de semana no shopping para gastar rios de dinheiro nos brinquedos para ganhar tikets e trocar por brindes. Eu adorava! Esperava a semana inteira por aquele momento.
Depois fui crescendo e as coisas foram mudando. A freqüência com a qual saíamos era menor e minha mãe começou a ir com a gente até que minha avó adoeceu e ninguém mais saía de casa. Minha mãe porque ficava cuidando dela, meu pai de apoio moral, minha irmã que ninguém via e eu que não tinha ninguém pra me levar.
Isso durou um ano e 7 meses, mais ou menos. Nesse meio tempo, claro que saíamos as vezes, mas era muito raro, ainda mais só eu e meu pai.
Até que chegou o carnaval de 2006, que minha mãe ficou no rio com a minha avó e eu fui pra sitio bom com o meu pai e fiquei totalmente solta. Foi muito bom! Meu pai nem ligava pro que eu fazia, aonde eu tava e com quem, só pensava nele e naquela época isso estava sendo muito bom.
Bem, o carnaval foi em fevereiro. Em março minha avó faleceu e as coisas só pioraram.
Aí mesmo que a minha mãe não tinha animo para nada. Um mês depois, resolveu fazer uma viagem para espairecer. Aproveitou que a minha irmã estava na Itália e foi visitá-la. Passou 17 dias e eu fiquei com a minha outra avó. Foi muito bom pra mim porque eu passava o dia fazendo tudo aquilo que eu queria mas eu sentia muita falta da minha avó – uma das maiores perdas da minha vida.
Então, quando eu fiz 18 anos, parece que muita coisa mudou, ainda mais depois que meu pai começou a andar à cavalo. No inicio, minha mãe resolveu acompanhá-lo e comprou um cavalo também, mas não deu certo porque meu pai queria ir todo final de semana, de sexta à domingo. E como tudo em excesso, uma hora enjoa, foi o que aconteceu.
Depois ela ficou com problema na cervical e não podia ir mesmo, mas isso é mais recente. Voltando um pouco na história e no assunto que eu tava falando... Meu pai está diferente, mudou comigo e com a minha irmã. Ela diz que ele surtou, resolveu ligar o foda-se pra todo mundo e só pensar nele, que pra mim era o que ele estava fazendo há muito tempo.
Tudo bem que até onde eu precisei dele, ele foi um bom pai e por mais que hoje eu não precise mais tanto dele, eu ainda o amo muito e quero estar com ele.
Esse final de semana ele andou à cavalo de sexta à domingo e como minha mãe está viajando e minha irmã não para em casa, fiquei aqui sozinha. Não foi ruim, não reclamei, fiquei estudando numa boa, mas hoje, chamei ele pra ir ao cinema quando fosse seis horas da tarde (ele saiu de casa as 9 pra cavalgar) – detalhe que liguei pra ele chamando quando ainda eram 2 da tarde. Mas ele não podia porque estava muito ocupado lambendo o cu daquela merda daquele cavalo.
Eu, sinceramente, estou de saco cheio disso. Ele faz muito mal o mínimo para termos uma relação harmoniosa e mesmo assim a gente não consegue ter muito êxito.
O que custava fazer a minha vontade? Pois é, ia dar muito trabalho, ele estava muito cansado, tinha muita fila e já era muito tarde, realmente. Muitos empecilhos!
Eu saí para jantar com a minha irmã, o Diego e a May, foi bem legal porque eu estava com muita vontade de comer no Outback e de levar a May para conhecer a comida de lá, mas a Juliana não quis ir no cinema comigo e meu pai dispensou o programinha entediante com a filha chata. Tudo bem, ta maneiro. É assim que funciona, legal!
Eu só sei que enquanto eu jantava eu só olhava pro celular querendo desesperadamente que o bob esponja me pedisse para atendê-lo. Mas ele não pediu, meu celular não tocou, não fui ao cinema, pagamos a conta e fomos pra casa.
Ontem foi legal, saí com as meninas (Lu, Thay, May e Tay), pro downtown!
Mas hoje, queria ter ido ao cinema. Deve ter uns bons 4 meses que não vou.
É isso. Espero que ele se toque de que a pouca presença paterna que ele está me dando não ta dando conta de satisfazer a minha carência...