sábado, 6 de junho de 2009

Caminhando com os seus pés .












Novamente nós nos desentendemos. O caminho foi longo pela falta de assunto e caras fechadas.

Mas apesar do silencio, eu não me sentia incomodada, porque a quantidade de pensamentos que passavam pela minha cabeça era tão grande que supria o vácuo de som que se propagava no ar.

Acordei cedo e sozinha. Em meu celular uma música calma, lenta e perfeita para acordar alguém – Morena – Scracho .

Eu havia pedido que ela me deixasse “em paz”. Conversei calmamente e apesar de ela não ter me compreendido, espero que um dia entenda que tudo que eu quero é ter meu espaço. Crescer sabendo cumprir com todas as minhas obrigações e responsabilidades. Quero ser mais madura e menos “mimadinha” por eles.

Eu pedi com jeitinho que minha mãe não arrumasse mais minhas bagunças – que deixasse por minha conta – só assim, brigaríamos menos e por consequência, eu ainda teria que me virar pra desfazer os meus próprios erros – no caso a bagunça.

Mas ela não parece ter gostado. Junto à lua, refletindo, cheguei à conclusão de que o motivo de ela ter ficado tão chateada com meu pedido de afastamento, é que ela está começando a se dar conta de que estou crescendo e que não sou mais o bebezinho do qual ela vai ter que passar o dia todo cuidando, dando mamadeira e trocando fraldas sujas de urina. Ela não entende que depois de um tempo é preciso deixar que os filhos caminhem com as próprias pernas. Como numa prova em que você estuda muito e um dia vai ser testado pelos seus estudos. Se nunca for testado, não vai ter como saber se aquele estudo realmente valeu.

Tudo o que ela queria era que as coisas voltassem a ser como antes: ela fazendo tudo pra mim. Se eu deixar ela come pra mim, toma banho, malha, estuda e faz as provas pra mim. Caso eu não controle a situação, minha mãe passa viver a minha vida para mim.

Tentando evitar que isso se expandisse ainda mais, eu, serenamente expliquei – o que não deu nenhum pouco certo – e apesar de todas as discussões ela realmente não tem tentado desfazer meus deslizes – acatou ao meu pedido mesmo contra sua vontade.

Meu quarto estava de pernas para o ar - agora eu já arrumei - e ela cada dia mais irritada com a situação da semana passada – amigos dormiram aqui em casa e ela estava viajando – tempestade num copo d’água. Por várias vezes tentei convencê-la disso, mas nada fazia com que ela voltasse com a sua decisão de me deixar dois finais de semana em casa. Tudo bem! Isso não é o pior. Para mim o que dói mais é brigar com a pessoa que mais amo – Eu sempre achando que sou mais madura do que realmente sou e ela que eu sou mais criança do que o real .

Hoje, espero que tenha sido a nossa ultima discussão.
Deitei à minha cama para tentar descansar da dura rotina semanal - estudos, provas, aulas, academia, etc. – olhava para o teto e tudo parecia se misturar na minha cabeça. Parecia que estava tudo fora do lugar. Eu me sentia sem base. Parecia que eu tinha destruído todos os meus alicerces e que nada mais tinha sentido e nem razão de ser. Foi quando me pus a chorar. Não aguentei – sou muito sincera e não consigo guardar sentimentos – corri até ela e peguei- a olhando um email com uma musiquinha lenta que me fez chorar ainda mais. Ela me pediu alguns minutos e tudo que eu fazia era chorar e sacudir a sua cadeira – ignorando seu pedido – e implorando atenção. Ouvi gozações de aparentar um bebe chorando no colinho da mamãe, mas esse é o melhor lugar para se chorar. Um dengo aqui, outro ali só para ter sua atenção que realmente vale a pena .

Quando ela finalmente resolveu me ouvir eu disse tudo que me afligia, pedi para que parássemos de brigar feito doidas e um abraço bem forte.

Ela me tomou nos braços – parecia me perdoar – mas me condicionou a parar de peitá-la – contestar tudo – não garanti, mas prometi tentar.

Não aceito uma resposta sem justificativa, o que eu posso fazer?

Eu a amo muito, quero te-la para sempre e em paz. Espero que essa guerra civil tenha aqui o seu ultimo disparo, com a ultima arma e a ultima bala .

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