Não é o tamanho que influencia na atenção que a pessoa
recebe. Ela pode achar que por ela ser pequenininha, quase ninguém a nota e
quando ela precisa falar, ninguém ouve. Mas eu ouço. Pode parecer que não, mas
eu sempre sei do que ela está falando. As vezes eu esqueço, é tanta informação
que algumas acabam sumindo. É humano, eu também esqueço, como todo mundo.
Mas pra mim, ela, em “pouco” tempo (menos de um ano), já se tornou
uma pessoa enorme: com um coração gigante, amiga, companheira e que se parece
comigo em muitos aspectos.
A grandeza não ta no tamanho -no metro e quarenta e sete
dela-, mas sim no coração, como eu disse antes.
A gente nunca tinha se desentendido antes (não que eu me
lembre)... até anti-ontem em que, por ciúmes -com razão- ela começou uma
discussão em que foi dito tudo que estava guardado. Algumas coisas meio sem
sentido de ela falar, outras com total razão. Prometi passar resto da semana
com ela e foi o que eu fiz. Mas hoje, mais uma vez a gente se desentendeu. A
toa, no meu ponto de vista e com muito motivo, ao ver dela.
Por um simples corte de uma história que ela estava narrando
– que pelo que ela diz, é milésima vez que eu faço isso- ela fechou totalmente
a cara e quase não falou mais. Não é que eu corte o que ela ta falando, mas num
diálogo duplo, normalmente as duas pessoas falam e quando uma pensa alguma
coisa sobre o que a outra ta dizendo, geralmente diz. Mas com ela é
diferente... ela espera eu terminar, pra no final, falar tudo que ela pensa
sobre o que eu disse. Mas se eu fizer isso, eu esqueço!
Eu não fiz por mal, eu tava com fome e só quis saber se
ninguém mais queria comer. A gente podia continuar conversando enquanto comia ué.
Minha pequena é meio carente e, por seus motivos, com
certeza.
Sabe o que eu acho? Que em casa ela é muito pouco ouvida e
que ninguém quer saber nem como foi seu dia. Talvez ela precise de alguém que
lhe dê total atenção e que se preocupe com o que ela sente – todo mundo precisa
disso.
Não é que eu a trate como segunda opção, pelo contrário! Aqui
em casa ta todo mundo falando: “agora tudo é Mayara, só se ouve falar em
Mayara. Você não tem outras amigas não?” – ar de deboche na minha fala.
Não! Agora só se fala em Mayara porque ela é uma das amigas
que eu estou convivendo mais, indo mais na casa, etc.
Ela pode achar que não, que eu só quero saber de Luisa. Mas
a Luisa diz a mesma coisa. Eu tento dividir meu tempo, mas é complicado. Ambas
são possessivas e não sabem dividir as amigas- tom irônico.
Se eu conhecesse a Luisa HOJE, com certeza não nos daríamos bem.
Não somos parecidas, mas fomos obrigadas a crescer juntas e hoje em dia nos
conhecemos muito bem e é por isso gente consegue conviver muito bem – mas não
por mais de dois dias.
Com a Mayara isso não acontece. Nos conhecemos do nada e
somos muito amigas. Ela, inclusive, é uma das minhas melhores amigas. Odiei brigar
com ela.
Pensemos pelo lado positivo: todo mundo que se gosta e se
interessa em se dar bem com outra pessoa, acaba discutindo, seja lá qual for o
motivo.
Sempre há desentendimentos, eu sei disso. Mas não gostei de
ter brigado com ela, assim como não gosto de brigar com ninguém que eu sinta
algo importante. Se ela fosse uma qualquer, eu nem ligaria, mas eu adoro ela, não
tem como não ficar mal.
Me deu muita vontade de chorar, fiquei muito triste, mas ela
já me explicou que ela fica muito sensível quanto ta mestruada e que não foi a
intenção me deixar assim.
Eu “entendi”. Quer dizer, mais ou menos. É porque eu não sou
de ficar chateada por pouco. Depende! Posso não sentir a “picada de um
marimbondo, mas ficar toda empolada com o suave pousar de uma mosca” – no sentido
mais figurado possível. Isso quer dizer que uma coisa pequena pode me deixar
pior do que algo enorme e vice versa. Mas cada um é de um jeito e não vou julgá-la
por isso. Apenas aprender a conviver porque eu, definitivamente, não quero
deixar de ser amiga de alguém que tem me ensinado tanta coisa importante a
respeito da vida.
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