sexta-feira, 22 de abril de 2011

Não sei o que é.


Acabou não acontecendo nem um e nem outro. Fiquei em casa, meus pais foram pra Sítio Bom e a Mayara foi pra Cajati.
Fumando mais um cigarro e olhando pela janela, fiquei recordando momentos bons e me dando conta do quanto a minha vida é boa, mesmo que eu estivesse sozinha naquele momento, mas me veio a cabeça que muitas vezes, estar consigo mesma é a melhor companhia que alguém pode ter- e naquela hora estava sendo.
Eu me sentia plena e ao mesmo tempo me faltava alguma coisa. Tudo parecia bom e ao mesmo tempo nada estava direito. Acho que me faltava uma companhia. Não, mas eu acabei de dizer que eu estava me sentindo completa. Então o que me faltava?
Ao som de Los Hermanos fiquei alguns minutos pensando sobre isso. Talvez uma companhia, um sentimento, um carinho, um abraço específico. Uma demonstração verdadeira e de alguém que quisesse realmente estar comigo naquele momento e não que estivesse contando o tempo para me dizer que daqui a pouco precisa ir.
Eu não tinha ninguém, então, pensa-se, nesses casos, que qualquer coisa serve (quando não temos nada/ninguém) – mas não para mim.
Eu gosto de estar com ele, mas parece que ele só quer estar comigo para se satisfazer. Nunca fazemos coisas diferentes. É sempre um quarto, uma cama, um chuveiro e momentos de prazer.
Quero alguém que me assuma, que ande de mãos dadas ao meu lado, sem medo do que as pessoas vão pensar, que cuide de mim, me dê carinho, diga palavras sinceras de afeto. Há quem diga que eu preciso de um namorado. Mas eu não gosto de assumir que é isso que eu quero, até porque a minha vida inteira eu sempre critiquei pessoas que namoravam, se casavam, iam morar juntas.
Eu perdi um pouco o clima de sair, curtir, dançar, beber, pegar geral. Estou numa vibe diferente agora: ficar deitada, abraçadinha de conchinha, vendo um filme, dando beijos e até quem sabe fazendo amor.
O que estou tendo com ele é muito bom, sem cobranças, sem diferenças, sem brigas, só sexo, praticamente. Acontece que essa situação não está me agradando, não é pra mim, ficar assim não é comigo... Essa não sou eu.
Estou inventando uma outra eu, dentro de mim, que parece mais forte, menos sentimentalista, mais aloprada e sedenta de coisas novas e diversão com várias pessoas. Mas a real Thayana não é assim.
Chegou a hora de eu abrir o jogo para mim mesma e assumir que um dia quero sim casar e ter filhos, que eu penso no dia do meu casamento, imagino meus filhos, idealizo meu marido e sonho com demonstrações de afeto muito diferentes das que estou tendo ao lado dele.
Sim... Eu quero ter um marido, agradar a ele, cuidar dele, fazer a comida que ele gosta para quando ele chegar em casa, abrir um sorriso e dizer que sou a mulher da vida dele, um que eu faça massagem e receba também, que me leve no cinema aos domingos e que no meio do dia me ligue para me lembrar que ele me ama mais que tudo na vida dele.
Eu sempre tive vergonha de assumir esse meu lado sonhador e sentimental demais, até mesmo pelo fato de eu achar que nunca vou encontrar esse homem. Que me ame e troque qualquer coisa para ficar comigo: Futebol, amigos, cerveja, família, tudo, tudo! Que só vá a um lugar se eu for junto, que só faça alguma coisa se tiver o meu consentimento e que me peça opinião sobre como agir com relação a isso ou àquilo.
Mas mesmo não querendo, eu preciso saber o que estou sentindo.
Não quero que o que a gente tem, termine... Ele me faz bem, aumenta minha auto-estima, me satisfaz, me deixa feliz e renovada para recomeçar uma semana agitada. Quero deixar rolar até onde der. Mas parece que ele já está começando a me evitar.
Meus pais viajaram quarta a noite, hoje já é sexta e nada dele aqui. Disse que vem hoje a noite dormir comigo e que vai embora amanhã à tarde porque a noite tem uma festa. Ta vendo... Não gosto disso. Já vem com hora para ir embora. Porque ele não se entrega um pouco? Está sempre nessa coisa ansiosa de precisar ir, de querer passar ali ou acolá. Semana passada foi a mesma coisa: chamei ele para passar o fim de semana todo aqui. Desde sexta a noite até domingo a tarde. Ele veio, mas nesse meio tempo, foi embora, passou em casa, dizendo que ia voltar e já estava até fazendo planos pra ficar por lá mesmo. Mas acabou voltando pq eu pedi. Novamente sinto- como sentia com o Léo- que tudo é mais importante do que estar comigo. Tudo bem, ele não é meu namorado e não tem obrigação de ficar comigo, mas eu sinto falta, o chamo, peço pra ele vir porque gosto da companhia dele. Detesto ficar sozinha por mais que as vezes eu precise de um momento de isolamento.
Mas eu já tive esse momento ontem e já ta de bom tamanho, valeu pela semana.
Olhando pela janela, volto a pensar que nada me deixaria mais feliz do que alguém que me completasse, ao meu lado. Eu pensei que pudesse ser feliz sozinha e que a plenitude de cada um está dentro de cada um. Pensei que essa coisa de metade da laranja fosse furada, até porque ninguém merece nascer com a responsabilidade de completar alguém. Mas me enganei. A minha plenitude, pelomenos, não está comigo. Resta agora saber com quem está.

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