sexta-feira, 12 de junho de 2009

Viagem da alma .


Nada me faz esquecer daquela simulação de paz . Era uma fonte que quando ligada na tomada fazia circular água, gerando,com a sua queda, um barulhinho tranquilizante, agradável, que trazia consigo poder de me fazer viajar nos pensamentos .
Fiquei em silencio por uns minutos, observando cada detalhe – uma casinha atrás da roda d’água, com a janela fechada , me fazendo imaginar um dia de frio em que a madeira da casa, juntamente com uma brasa forte da lareira e um copo de chocolate quente aqueciam a mim e a ele . Sentados em frente à chama,sem olhar o relógio,nem ver a hora passar,ignorando problemas externos e rindo de coisas que jamais deram motivo para tal alegria .
As delicadas flores ao redor do casebre me faziam sorrir e o “laguinho” que se criara abria porta para mais uma ramificação da minha fantasia – no momento em que vi a possibilidade de habitarem seres, por mim, adorados, admirados, amados – aquaticos. Não surpreendemente,minha curiosidade foi maior do que o medo de ser repreendida . Nada seria capaz de me segurar . Coloquei o dedo no inicio do ciclo da água . Senti-a começar seu trajeto lentamente e finaliza-lo com a mesma preocupação e calma que tinha de partir . Encantei-me com tanta paz . Meu espirito não mais pertencia ao meu corpo , minha mente não parava de criar situações, imaginar lugares, visualizar cenas jamais realizaveis, com pessoas irrelevantes, que pela sua pequena mentalidade,pouca experiencia para/com o que se pode ser chamado de amor,cometedores dos mais terriveis pecados humanos – despertar um amor em alguém sem a intenção de alimenta-lo- não mereceriam nem por um segundo habitar sequer meus alados devaneios .
Por um instante voltei à realidade e como num filme passaram cenas pela minha cabeça,senti meu coração acelerar, mas logo estabilizou, me fazendo voltar ao mar quimera.
Risos, gritos, esbarrões de parentes, nada me desprendia daquela confortante viagem da alma . Quando finalmente meu corpo se reencontrou com a minha alma, meu semblante estava renovado. Queria sempre essa alegria .Respirei fundo, e o oxigênio absorvido , parecia ser filtrado com mais cautela pelos meus pulmões, e ao sair, ía sem preça,sem rumo.
Depois de toda aquela imaginação, tracei à mim, um objetivo : tudo que eu fizer daqui pra frente será visando a paz e no final de tudo, quando eu não tiver mais uma razão para viver ou –como diria Cazuza- uma ideologia , morarei numa floresta, repleta de animais terrestres, aérios e aquáticos e todo o resto será composto por tudo o que vi naquele dia, naquela pequena fonte, que buscava apenas simular, enfeitar e dar um ar estético ao ambiente .

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