sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cada um na sua bolha



Seja como for, nenhum dia é igual ao outro. O tempo passa diferente, nossas atividades decorrem de maneira distinta, os sentimentos mudam, a distancia faz a saudade aumentar, a gente vê novas pessoas, passa por experiências diferentes, vivencia situações que marcam, que envolvem. Até os lugares mudam- ou a nossa maneira de vê-los. De uma forma ou de outra, as pessoas que passam, na hora que passam, o que fazem, o que dizem, as coisas que acontecem... Nunca é tudo igual
Meus pensamentos também mudam, evoluem, viajam, retornam, regridem, avançam. Na minha cabeça se passam devaneios distintos. Seja pelo assunto, pelo tempo, pelo momento, ou seja pelo que for. Mesmo que eu vivencie sempre a mesma situação, uma nunca é igual a outra.
Parada no metrô, comecei a observar o quão fria é a relação entre as pessoas. “Bons dias” quase que sussurrados e muitas vezes sem resposta, me fazem refletir sobre mil coisas.
Quase todos se completam com seus celulares conectados em redes sociais. Todos alienados e introspectivos. Eu nunca vi algo para incluir e ao mesmo tempo excluir tanto as pessoas como essa mania de rede social. Eu aderi e sou fã. Entro todos os dias, sem exceção. Cansada, com fome, com sono, seja tarde ou cedo. Todo dia eu entro. Mas só quando estou em casa. Não fico por aí com meu vicio entre os dedos como essa cambada que não consegue se quer abrir um sorriso. Zero se simpatia, compreensão, boa vontade, cidadania ou até mesmo amor ao próximo. E a maioria ainda se diz cristã.
No ônibus lotado, idosos em pé, grávidas, deficientes, moças com criança e sacolas de supermercado, todos eles sem terem onde sentar. Quase ninguém se levanta. Onde está o senso coletivo de Karl Marx? Onde está a cidadania que deveríamos ter para fazer do nosso povo, uma nação mais harmoniosa? Onde ficam esses conceitos?
Sim, todos estão cansados. Ninguém anda de ônibus –ainda mais com ele cheio- por mera diversão. Mas acontece que existem pessoas que precisam mais do acento.
Mas voltando ao assunto da singularidade dos dias, tive a honra e a grande oportunidade de conhecer três meninos surdos no ônibus e poder ir conversando com eles o caminho todo em LIBRAS. Foi muito divertido e proveitoso. Essa foi uma oportunidade praticamente única e que me deixou muito feliz.
Parada na rua, fiquei observando, refletindo e tirando minhas próprias conclusões sobre o que eu via.
Carros passando, pessoas falando, crianças chorando, vendedores ambulantes gritando, chamando, clamando, implorando, ruídos de obra, pontos de ônibus lotados e ônibus insuportavelmente cheios.
Por alguns minutos me senti como se estivesse dentro de uma bolha, sozinha com as minhas mais profundas reflexões. Eu não ouvia mais nada e tudo que eu via, passava despercebido. Eu estava concentrada demais em mim para me preocupar com o resto.
Nesse momento algo me tocou. Não no corpo, mas na alma, no coração. Então, perguntei a mim mesma o porquê de tanta falta de compreensão e outros sentimentos que seriam fundamentais na busca de uma sociedade melhor e mais evoluída. A resposta não me vinha, não consegui encontrá-la. Só pude supor: Talvez as pessoas estejam tão envoltas por suas próprias bolhas, que ficam impossibilitadas de perceber que o outro é tão humano quanto você. 
Então fiquei a pensar: Será que podemos deixar que isso continue assim? Se persistir, ao invés de nascer pessoas, vão nascer bolhas, que só pensam em si e não fazer a menor questão de ajudar a sociedade a evoluir.
Reflita!

Nenhum comentário:

Postar um comentário